Interpretação de Janine Milward
Capítulo 1
O caminho que pode ser expresso não é o Caminho
constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome
constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma
origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as
Maravilhas
Interpretação de Janine Milward
Primeiramente, Lao Tse nos diz que não existe linguagem possível que possa alcançar a verdadeira essência do Tao, ou seja, o verdadeiro Tao está além de qualquer linguagem, bem como além de qualquer possibilidade de manifestação tanto do consciente quanto do inconsciente.
Jacques Lacan, discípulo direto de Freud e filósofo e psicanalista, nos disse que: "O inconsciente é estruturado como uma linguagem". Assim, é possível que o inconsciente seja acessado e decodificado - como acontece com a linguagem.
Quanto ao Tao, no entanto, nada, nada, pode verdadeiramente denominá-lo. Nem todo o inconsciente que traz à tona toda a sabedoria e conhecimento do universo pode falar acerca da realidade do Tao.
Sendo o Tao a única possível constância do Todo e do Tudo, a única possível realidade que é imutável, Lao Tse a Ele se refere como impossível de se referenciar. Quando algo semelhante ao Tao é referenciado, já não é o Tao verdadeiro, é apenas algo que se pode referenciar como Tao, como O Caminho.
O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Não podendo ser referenciado de nenhuma forma, do Tao parte o princípio criador e formador de todas as coisas. Esse princípio, primordialmente, ainda é a não-vida, a não-existência, a não-forma, a não-realidade - que dá berço à vida, à existência, à forma, à realidade. Esse é o Wu Chi, o Mundo da Não-Manifestação, onde o Tudo e o Todo - o céu e a terra - são gestados ainda dentro do Ventre do Tao.
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Sem-Nome, então, é o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação que dá criação ao Tudo e ao Todo, o Mundo da Manifestação, Tai Chi.
O Mundo da Manifestação, Tai Chi, inclui o Tudo e o Todo advindos do Mundo da Não-Manifestação.
No entanto, o Tudo faz ainda parte da idéia de totalidade advinda do Tao do Mundo da Não-Manifestação. O Todo faz parte da idéia da totalidade advinda do Tao do Mundo da Manifestação. O Tudo ainda é indefinível enquanto o Todo já pode ser definido e identificado. Assim, O Todo adquire um nome.
Com-Nome é a mãe das dez mil coisas
Dessa maneira, na primeira estrofe do Capítulo 1 Lao Tse nos apresenta o Tao e a total impossibilidade de se falar sobre Ele em sua essência. Quando alguma linguagem passa a se referir sobre o Tao, então, já não é mais o Tao essencial e sim, o Tao através de alguma forma ou linguagem. Também nessa primeira estrofe, Lao Tse nos introduz á estrutura da formação do Tudo e do Todo do qual somos parte: o Wu Chi, O Mundo da Não-Manifestação e o Tai Chi, O Mundo da Manifestação - conceitos fundamentais e estruturais de compreensão da verdadeira natureza do céu e da terra.
Na segunda estrofe, Lao Tse nos reforça a necessidade de não nos desviarmos do sentido da Constância: somente o Tao é constante. Sendo assim, tudo aquilo que se deve fazer em relação à busca do Tao estará contido dentro da constância. Todo o resto, é entendido como duração, ou seja, algo que tem seu começo, seu meio e seu fim.... para que seja transmutado em um novo começo..... infinitamente, porém, dentro da duração, da cisão, da separação, da descontinuidade. Apenas o Tao, O Caminho, se encontra dentro da constância, da continuidade.
Assim, nos dois primeiros versos da segunda estrofe, são demonstradas duas formas distintas, porém dentro da mesma essência, de se vivenciar o Tao, O Caminho, praticando o Te, A Virtude: a constância da não-aspiração e a constância da aspiração.
A não-aspiração é agir o Te, A Virtude, apenas por agir, sem intenção, ou seja, sempre praticando o Wu Wei, a não-ação. Não-ação não significa nada fazer.... significa sim, fazer quando deve e como deve ser feito no momento em que deve ser feito, fluindo junto ao Tao, naturalmente, sem que conscientemente se use a intenção de fazer algo. Agindo naturalmente, certamente o Caminhante estará agindo dentro da natureza do Tao - essa é a não-ação. Lao Tse usa o termo Maravilhas para nos elucidar sobre o Tudo e o Todo que o Tao pode nos proporcionar através de suas manifestações.
Assim,
A constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
A aspiração, que aparece no segundo verso da segunda estrofe, é também agir o Te, A Virtude, apenas que nesse momento, usando a vontade, a intenção de seguir rumo ao Tao, rimo ao Caminho, buscando suas Maravilhas através da contemplação do Orifício. O Orifício é o instante supremo do Revirão do universo, o instante supremo onde e quando o Mundo da Manifestação se encontra com o Mundo da Não-Manifestação - ou seja, quando se está muito, muito próximo ao Tao, ao Caminho.
A constante aspiração é contemplar o Orifício
Essa aspiração é constante, ou seja, a meta do Caminhante é sempre, sempre, alcançar o Tao, O Caminho e com Ele se fusionar plenamente, é retornar ao Mundo da Não-Manifestação - para então continuar sua Jornada, seu Caminho. E a não-aspiração também é constante porque é movida, inspirada pelo Tao, pelo Caminho, exercendo, naturalmente, O Wu Wei, a não-ação, a naturalidade advinda do Tao e que a Ele retorna.
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
Na última parte da segunda estrofe, completando o Capítulo 1, Lao Tse nos revela o Mistério. O Mistério é a verdadeira saída do Mundo da Manifestação e a verdadeira entrada no Mundo da Não-Manifestação. O Mistério dos Mistérios é, ao se tornar o Homem Sagrado, tendo adquirido a Iluminação e a Imortalidade, o Caminhante atravessa o Portal que ainda o separava da verdadeira essência do Tao, do Caminho. O Portal está ainda além do Mundo da Não-Manifestação, já faz parte do Sem-Nome.
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas
A partir daí, da travessia do Portal, tudo retorna a seu começo, ou seja, retorna ao primeiro verso da primeira estrofe do Capítulo 1 do Tao Te Ching, O Livro do Caminho e da Virtude.
O Caminho que pode ser expresso não é o Caminho Constante
O Nome que pode ser expresso não é o Nome Constante
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
................
Foto do sítio das estrelas, Janine Milward
Com um abraço estrelado,
Janine Milward
................
Foto do sítio das estrelas, Janine Milward
TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao
Capítulo 1
Interpretação de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior
e hoje é publicada pela Editora Mauad, São Paulo.
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse, o Mestre do Tao
Capítulo 1
Interpretação de Janine Milward
A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português
e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior
e hoje é publicada pela Editora Mauad, São Paulo.
Na Editora Mauad, São Paulo, Brasil,
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching
encontra-se a realização da publicação
das interpretações de Wu Jyh Cherng
acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching